Trabalhadores e empresários relatam novos avanços no Porto de Paranaguá 02/09/2008 - 17:40

Os Portos do Paraná foram o tema da Escola de Governo desta terça-feira (02), em Curitiba. Na platéia, empresários, trabalhadores portuários e funcionários da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), além de outros representantes do governo Roberto Requião, assistiram a depoimentos que revelaram a importância do Porto de Paranaguá para a economia da cidade, do Estado e do País.

Principal gerador de empregos de Paranaguá, o Porto de Paranaguá é responsável por 90% da receita cambial do Estado do Paraná, com mais de US$ 8 bilhões gerados de janeiro a agosto deste ano e mais de 25 milhões de toneladas movimentadas, entre importação e exportação de diferentes produtos, como grãos, cargas congeladas, contêineres, açúcar, sal, veículos, fertilizantes, madeira e granéis líquidos.

Neste último item, o Porto de Paranaguá lidera o ranking das exportações de óleo vegetal e é o segundo na importação de metanol utilizado na fabricação de biodiesel e resinas. A projeção é que em 2008 a infra-estrutura instalada para movimentação de álcool alcance entre 850 milhões e 900 milhões de litros, o que corresponde a 27% do etanol exportado pelos portos brasileiros. Atualmente o Porto possui capacidade para armazenamento de 1,3 bilhão de litros que poderá chegar a 2 bilhões de litros.

“Só alcançamos esses índices com produtividade, eficiência e atendimento às necessidades dos produtores do Paraná e de outros Estados, com a movimentação, por exemplo, de quatro tipos de álcool e de cinco tipos de óleo vegetal. Enquanto embarcamos 1.500 m³/hora o Porto de Santos faz 600 m³/hora e comemora”, disse Cláudio Daudt, diretor-superintendente da Cattalini Terminais Marítimos, empresa que atua há quase 30 anos no Porto de Paranaguá.

A infra-estrutura instalada para exportação de álcool no Porto de Paranaguá conta com o Terminal Público de Álcool, construído pela Appa com R$ 14 milhões de recursos próprios para promover uma alternativa aos produtores do Paraná no embarque do produto.

“Quero demonstrar minha satisfação pelo depoimento da Cattalini. Quando estabelecemos o terminal público nós estabelecemos uma saudável concorrência de preço e vejo que a empresa assimilou bem esse fato e está jogando limpo com o Porto e com o Paraná. Meus cumprimentos à empresa. É uma satisfação saber que ainda existe gente capaz de jogar a favor do interesse público”, disse o governador Roberto Requião.

Mudanças – As transformações ocorridas nos últimos cinco anos promoveram resultados que influenciaram diversos segmentos, desde a transferência das contas da Appa para o Banco do Brasil até o ganho dos Trabalhadores Portuários Avulsos (TPAs).

“Fazemos aqui o reconhecimento e o agradecimento à Appa pela confiança que ela deposita no Banco do Brasil. Foi a iniciativa pioneira do superintendente Eduardo Requião de retirar as contas do Estado de um banco privado que proporcionou o início dessa parceria. Essa relação proporcionou maior envergadura ao banco e hoje noticiamos em primeira mão a construção de uma segunda agência na cidade, vinculada diretamente ao volume de negócios que o porto proporciona”, disse o gerente regional do Banco do Brasil, Edson Bündchen.

Para o conferente Carlos Antonio Tortato, a luta em defesa do Porto Público foi o principal fator que impulsionou a permanência dos quase 4 mil trabalhadores avulsos na atividade portuária. Em comparação a 2007, os TPAs obtiveram ganhos 21% maiores em seus pagamentos, o que corresponde a uma injeção de cerca de R$ 12 milhões por mês na cidade.

“Podemos dizer que o Porto é o único do Brasil que se mantém público com um modelo de gestão que investe em sua mão-de-obra e em obras públicas. O Brasil tem aproximadamente 60 portos e, entre eles, os Portos do Paraná são os que restaram na luta pelo porto público. A Appa cumpre sua função social e as empresas que investem e continuam acreditando no Porto mostram sua confiança nesta administração”, completou o sindicalista.

Qualidade – Há cinco anos o Porto de Paranaguá não recebe qualquer reclamação quanto à qualidade ou peso das mercadorias embarcadas. Segundo o presidente da Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar), Valdir Izidoro Silveira, até 2003, as classificações de produtos eram feitas nas ruas de acesso ao Porto, no meio do trajeto dos caminhões.

“Somente nesta gestão passamos a ter uma estrutura adequada, moderna e eficiente instalada no Pátio de Triagem que conta com equipamentos de alta tecnologia. As fraudes são tratadas com a abertura de inquéritos e a fiscalização está cada vez mais rigorosa. Antigamente, o índice de cargas refugadas era de 10% e hoje esse valor caiu para 2%”, relatou.

A importância do Porto no comércio exterior e no fluxo de cargas movimentadas fez com que a empresa América Latina Logística (ALL) optasse por construir sua sede regional em Paranaguá. A decisão, segundo o diretor financeiro da empresa, Sérgio Pedreiro, foi tomada a partir dos avanços registrados no Porto. Fundada há 11 anos, a empresa é a maior operadora logística com base ferroviária da América Latina e deverá encerrar 2008 com a movimentação de 30 bilhões de toneladas/Km útil.

“Não é possível crescer sem o apoio e a eficiência do Porto de Paranaguá, que é o mais importante da nossa malha ferroviária. Verificamos melhorias da eficiência, foram aplicados recursos na manutenção de equipamentos e feitos investimentos pelas empresas instaladas. Agradeço e reconheço a gestão atual pelos avanços e pela eficiência do porto”, disse Pedreiro.

Congelados – Reconhecido como o maior exportador de grãos da América Latina, o Porto de Paranaguá está ampliando sua variedade de cargas movimentadas com o objetivo de atender a um maior número de mercados, como o de carnes, por exemplo. A parceria entre a Appa, o Ministério da Agricultura, Receita Federal e empresas privadas promoveu a criação do Corredor de Congelados do Paraná, iniciativa que pretende fazer do Estado o maior exportador de carnes congeladas do Brasil.

“A meta é estabelecer condições de exportar 35% de carnes congeladas produzidas no País até 2010 e exportar 50 mil toneladas por mês. É um projeto muito importante que está se concretizando no Paraná graças à obstinação do superintendente da Appa em buscar a excelência dos serviços e o sucesso desta iniciativa”, considerou o superintendente federal no Paraná, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Daniel Gonçalves Filho.

BOX – Armadores destacam eficiência das janelas públicas de atracação

Foi somente com a implantação das janelas públicas de atracação que o Porto de Paranaguá pôde conquistar a confiança e a credibilidade junto aos exportadores e importadores de carga geral. Com dia e hora marcada para chegar, os navios movimentam contêineres sem atrasos, filas ou pagamentos de multas. A espera dos navios de contêineres zerou e a autoridade portuária controla o cumprimento das janelas.

“Houve uma grande apreciação por parte dos 33 armadores que usam o Porto de Paranaguá para suas operações. A criação das janelas começou a ser articulada entre 2006 e 2007 e hoje é um grande sucesso. A partir deste modelo adotado em Paranaguá, os demais portos vizinhos tiveram que se adequar para não gerar atrasos e perdas. Ao contrário de outros portos, já congestionados, o Porto tem potencial para crescer e possui condições logísticas para ser um concentrador de cargas”, avaliou Michael Martins da Silva, diretor de operação na América Latina da Hamburg Süd Internacional e da Aliança Brasileira.

“Sabemos que não conseguimos mudar nada em 24 horas ao mesmo tempo realizando projetos e freando as dificuldades. Hoje temos um caixa saneado, projetos em andamento e um porto resgatado da privatização. Os Portos Públicos do Paraná tem credibilidade internacional e eficiência”, finalizou o superintende da Appa, Eduardo Requião.

Fotos Arnaldo Alves - SECS

 O governador Roberto Requião fala durante a Escola de Governo.

 O secretário Especial para Assuntos Portuários Eduardo Requião, fala durante a Escola de Governo

O superintendente federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Daniel Gonsalves Filho, fala durante a Escola de Governo.

O conferente e representante dos trabalhadores portuários avulsos Carlos Tortato, fala durante a Escola de Governo.

O pres. da Claspar Valdir Izidoro Filho, fala durante a Escola de Governo

O pres. da Cattalini Claudio Daudt, fala durante a Escola de Governo

O gerente regional do Banco do Brasil, Edson Bundchen, fala durante a Escola de Governo

O diretor Financeiro da ALL, América Latina Logistica Sergio Pedreiro fala durante a Escola de Governo.

O diretor de Operações da Hamburg Sud e Aliança Brasileira Michael Martins da Silva, fala durante a Escola de Governo