Porto de Paranaguá responde por quase 50% do fertilizante importado no Brasil 06/03/2008 - 10:26

O Porto de Paranaguá é reconhecido no mercado internacional como um dos maiores exportadores brasileiro de grãos. No ano passado, foram exportadas quase 15 milhões de toneladas de soja, milho e farelo. Desse total, em média, 65% foi produzido no Paraná. Para alcançar estes índices de produção e exportação, o campo precisa de fertilizantes e, novamente, o Porto de Paranaguá mostra sua importância, liderando as importações da mercadoria entre os portos brasileiros.

Em 2007, o Brasil importou cerca de 17 milhões de toneladas de fertilizantes. Deste total, 7,4 milhões de toneladas chegaram pelo Porto de Paranaguá (veja box), sendo 3 milhões de toneladas destinadas às plantações do Paraná.

Segundo a Associação Internacional da Indústria de Fertilizantes, em 2006 o mercado de fertilizantes no mundo movimentou cerca de US$ 60 bilhões. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, são US$ 7,5 bilhões que giram em torno do produto no país. Ainda segundo o Governo Federal, o Brasil importa cerca de 70% dos fertilizantes que utiliza.

Estrutura - Para o diretor da Fortesolo, Valdécio Antonio Bonbonato, a infra-estrutura disponível no Porto é um diferencial de mercado, responsável pelo aumento das operações com fertilizante. As atividades portuárias, segundo ele, são bastante eficientes e se somam aos investimentos que a Appa e os empresários fizeram na melhoria da estrutura portuária.

“A união de esforços criou condições para mantermos os melhores níveis de produtividade do país. A pavimentação das vias de acesso e do cais, a limpeza da faixa portuária, a instalação de novas balanças e os pontos de atracação alternativos foram melhorias essenciais. Acredito que a manutenção do porto público é fundamental para continuarmos atingindo estes níveis de qualidade e produtividade, com oportunidades iguais a todos. Hoje, temos uma administração transparente, com regras estáveis. Isso garante maior confiabilidade de nossos clientes e mais trabalho para a cidade”, declarou Bonbonato.

Ele contou que em maio desse ano sua empresa colocará em atividade um segundo guindaste para as operações de descarga de fertilizante. “Buscamos com esse segundo equipamento melhorar nossa performance e nossa capacidade diária de descarga. É mais trabalho no porto para as transportadoras e para os operadores. Vamos melhorar nossa produtividade que hoje é de 9 mil toneladas/dia e buscar chegar a 12 mil toneladas/dia”, declarou. Em Paranaguá, a empresa conta com um armazém com capacidade para 150 mil toneladas e divide com outras três empresas o segundo lugar na importação de fertilizantes no Porto de Paranaguá.

Retorno - A garantia do chamado frete de retorno é outra vantagem apontada pelos usuários para atração de cargas e clientes para o Porto de Paranaguá. Segundo empresários do setor, as grandes empresas do agronegócio que querem promover o plantio ou vender para fornecedores de soja fazem deste frete de retorno uma moeda de troca, servindo até mesmo como um redutor de preços.

A vantagem financeira associada à logística e à proximidade de pólos produtivos faz do Porto de Paranaguá, segundo avaliam empresários, um corredor natural para a entrada da matéria-prima. “É e a logística mais viável e que deve ser vista como mais uma vantagem”, comentou Bonbonato.

BOX – Importações por Paranaguá cresceram 51% em comparação a 2006

Especialistas do setor creditam o crescimento da importação ao aquecimento do agronegócio no país e na exportação para países da Ásia. Mas não é só isso. Em 2007, o recorde da importação aconteceu em função do aquecimento nas vendas das commodities, principalmente a soja. Com a valorização no mercado o crescimento das exportações de grãos fez com que, após dois anos consecutivos de baixa, houvesse retomada nas importações no início de 2007.

Produtos básicos usados no campo como o cloreto de potássio, que é 95% importado, por exemplo, no início de 2007 custava menos de US$ 200 a tonelada e chegou ao final do ano custando mais de US$ 500 a tonelada. O fósforo é outro exemplo do produto que teve seu preço duplicado. Em um ano passou de US$ 500 a tonelada para US$ 1 mil a tonelada.

“Quando os preços subiram os importadores compraram em grande escala não em função dos produtos, mas pela especulação no mercado. Em 2007, a soja estava em alta e a demanda foi absorvida, elevando as importações. As importações por Paranaguá cresceram 51% em comparação a 2006. Foi um fenômeno. Nunca passamos um ano com estoques tão altos”, declarou o diretor da Fortesolo, Valdécio Antonio Bonbonato.

Em janeiro deste ano, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) dos US$ 2,6 bilhões pagos na importação, o fertilizante foi o mais importado com US$ 454 milhões ou 17,6% do total.


BOX 2 - Importação de fertilizante (em milhões de toneladas)
2002 - 4.066.613
2003 - 5.708.009
2004 - 5.559.444
2005 - 4.541.763
2006 - 4.826.763
2007 – 7.397.028