Porto de Paranaguá começa a embarcar safra agrícola 31/03/2009 - 09:00

A dragagem do Canal da Galheta, no Porto de Paranaguá, foi um dos principais motivos que estimulou a previsão de aumento das exportações de grãos pela Companhia Brasileira de Logística (CBL), empresa que atua com embarque de granéis no terminal portuário.

“A dragagem que está ocorrendo e as que estão programadas são muito importantes porque incentivam o redirecionamento de navios ao porto. Com o aumento da profundidade virão navios com maiores capacidades e para o embarque de soja isso representará um crescimento expressivo”, considerou Washington Viana, gerente geral da unidade, em Paranaguá.

Fortalecida pela expectativa de novos contratos, a exportação de soja pela CBL, no Porto de Paranaguá, deverá ter um aumento de 20% em comparação ao ano passado. A expectativa é que em 2009 a empresa embarque 1,8 milhão de toneladas do grão. Para alcançar esse volume, a empresa conta com dois novos silos graneleiros no Porto de Paranaguá. As novas estruturas ampliaram a capacidade estática de armazenagem da empresa, que passou a ser de 110 mil toneladas.

No ano passado o Porto de Paranaguá exportou mais de 14 milhões de toneladas de granéis sólidos (soja, farelo, milho e açúcar). Deste total, passaram pelo Corredor Público de Exportação 9 milhões de toneladas de produtos. Entre janeiro e 29 de março deste ano, já foram exportadas 1,1 milhão de toneladas de soja, volume semelhante ao embarcado no ano passado. As exportações de milho e açúcar seguem tendência de crescimento, com aumentos de 51% e 13%, respectivamente em comparação a 2008.

“Este ano deverá ser mais promissor, porque já foram embarcadas 500 mil toneladas em janeiro, 550 mil toneladas em fevereiro e até o dia 24 de março foram 852 mil toneladas. Se continuarmos nessa progressão nós ultrapassaremos o volume do ano passado e poderemos chegar a 12 milhões de toneladas, consolidando o porto como o principal do Brasil para embarque de grãos”, declarou o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Daniel Lúcio Oliveira de Souza.

Com uma estrutura disponível para armazenar mais de um milhão de toneladas de grãos, o Porto de Paranaguá preparou-se antecipadamente para receber a safra agrícola 2009. Entre os meses de novembro de 2008 e fevereiro de 2009, técnicos do terminal realizaram manutenções preventiva e corretiva nos equipamentos utilizados na recepção e embarque dos grãos. Para atender ao escoamento dos grãos somente a Appa vai contar com cerca de 160 funcionários atuando exclusivamente nesta operação.

Nesta segunda-feira (30) cinco navios estavam atracados no cais comercial do Porto de Paranaguá para receber mais de 330 mil toneladas de produtos, como soja, farelo e milho. Outros dozes navios estão ao largo aguardando para atracar e embarcar perto de 510 mil toneladas.

Caminhões
No Pátio Público de Triagem, que tem capacidade para cerca de 900 vagas para caminhões com destino ao Corredor Público de Exportação, a movimentação de caminhões também é intensa. Somente até o dia 24, foi registrado o dobro do volume de caminhões em comparação a meses anteriores. Atualmente chegam uma média de 1.000 a 1.200 carretas diariamente no Pátio. Deste total, só para o terminal público de grãos são encaminhados 300 e 350 caminhões por dia.

“Hoje o número de caminhões que recebemos depende do volume de navios programados. À medida que a safra seja maior, receberemos mais carretas e embarcações. Em março, os três berços do Corredor de Exportação foram e continuam sendo ocupados diariamente com operações 24 horas. Hoje o volume de caminhões que recebemos no Pátio de Triagem corresponde a mais ou menos 40 mil toneladas/dia, sem contar os vagões com grãos que hoje são cerca de 50 a 60 vagões recebidos diariamente no silo público”, declarou o chefe da Divisão de Silos da Appa, Luiz Antonio Borges da Silva.

Novidade
O superintendente da Appa destacou que a neste ano o silo público passará a contar com um novo sistema para controle de armazenamento que substitui um antigo procedimento que existia há 12 anos. “O novo sistema foi desenvolvido pela Celepar em software livre e disponibiliza on-line informações sobre a armazenagem dos grãos que pertencem a determinado exportador que tem seu saldo individualizado no silo. Este sistema soma-se ao conhecido sistema de controle de fluxo, denominado Carga on-line, que nos dá condições para fazer um giro diário de entre 1000 e 1.400 caminhões tranquilamente, sem a formação de filas de caminhões ao longo da rodovia em direção ao porto”, disse Souza.

Ele lembrou que antigamente os caminhões desciam para Paranaguá aleatoriamente, sem organização. Em 2003, o ex-superintendente da Appa, Eduardo Requião, determinou o ordenamento desse procedimento, trazendo maior tranqüilidade para todos, terminais e caminhoneiros. “As cargas que chegam ao Porto são direcionadas para determinado navio e isso acabou com as filas. Hoje a realidade é outra e as filas que eram exemplo de ineficiência foram superadas pela qualidade da gestão e das operações”.

Sem crise
A expectativa de crescimento das exportações de soja pela CBL contraria o pessimismo que a crise econômica internacional trouxe ao mercado. “A exportação brasileira de soja deverá manter o patamar de 23 milhões de toneladas embarcadas e o Porto de Paranaguá deverá alcançar níveis ainda maiores de exportação. Não há crise que supere a eficiência”, declarou Viana.

Para o Paraná, a estimativa da Conab sobe de 26 milhões de toneladas, previstas em fevereiro de 2009, para 26,4 milhões de toneladas neste mês de março. Segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), esse aumento na expectativa da produção de grãos não foi suficiente para o Paraná recuperar a liderança de primeiro produtor nacional de grãos, colocação perdida para o Mato Grosso em fevereiro. Ainda assim, o Estado se destaca como o maior produtor de milho, feijão e trigo.

Ainda de acordo com a Seab, a expectativa para a produção de soja no Paraná também foi reavaliada de 9,9 milhões de toneladas no mês passado para 10,04 milhões de toneladas este mês. A soja também foi beneficiada pelo retorno das chuvas e houve recuperação de lavouras em algumas regiões do Estado, como Guarapuava e Ponta Grossa.