Governo Federal desiste de privatizar oito portos baseado no sucesso de Paranaguá 22/08/2008 - 15:10

Desde 2003 os Portos do Paraná vêm mantendo seus recordes na movimentação de produtos e geração de receita cambial. Os bons resultados foram obtidos com fortes investimentos e mudanças administrativas, logísticas e operacionais adotadas nos últimos anos pela a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa).

Tais medidas trouxeram aos terminais portuários a oportunidade de reverter a imagem desfavorável junto ao mercado internacional e ampliar os tipos de cargas movimentadas. Os resultados são apresentados em números: a movimentação de produtos passou de 28 milhões de toneladas (2002) para quase 40 milhões de toneladas (2007) e a receita cambial pulou de US$ 4,12 bilhões registrados em 2002 para US$ 11,8 bilhões alcançados no ano passado.

Falta de qualidade e de diferença nos volumes dos produtos embarcados, filas de caminhões na rodovia, descrédito no comércio exterior, sucateamento dos equipamentos portuários, desvios funcionais alimentando uma verdadeira “indústria de ações trabalhistas” e a iminente entrega das instalações portuárias à privatização. Esta foi a realidade encontrada pelo superintendente da Appa, Eduardo Requião, que implantou um novo modelo de gestão, aprovado pelo Governo Federal, que adotou como exemplo o Porto de Paranaguá para retirar da pauta de privatizações oito portos brasileiros: Ceará, Rio de Janeiro, Bahia, São Paulo, Pará, Maranhão, Rio Grande do Norte e Espírito Santo.

O Porto de Paranaguá é hoje responsável por mais de 90% da receita cambial gerada no Paraná e é o único no Brasil com um programa permanente de construção de terminais públicos. Além de maior porto graneleiro da América Latina, sustenta outros títulos, como o maior importador de fertilizantes do Brasil e o segundo na movimentação de veículos, que passou de pouco mais de 60 mil unidades em 2002 para 165 mil unidades em 2007.

Investimentos - Um caixa falido deu lugar a uma posição financeira capaz de sustentar novos projetos de melhorias com recursos próprios. Hoje, são quase R$ 400 milhões disponíveis para manter as contas em dia e aplicar em importantes obras. Desde o início da atual gestão, foram investidos mais de R$ 200 milhões em obras de infra-estrutura e logística. Entre os destaques estão a construção do primeiro terminal público de álcool do Brasil, a concretagem das vias de acesso, a recuperação do Pátio de Triagem e do cais comercial, a reforma da sede administrativa, a construção de novos prédios e a implantação do sistema de segurança internacional ISPS Code.

Neste ano, a Appa prepara-se para inaugurar o novo pátio público de veículos e o armazém público para fertilizantes, resultado de um investimento de quase R$ 12 milhões. Há ainda uma série de obras em andamento ou em fase de licitação que juntas somam mais de R$ 100 milhões. A iniciativa privada também apostou no atual modelo de gestão e investiu em ampliações e contratação de pessoal. “Nossos investimentos continuam com a construção do novo silo graneleiro, que vai duplicar a capacidade pública de armazenagem de grãos. Além disso, teremos o Distrito Industrial Alfandegado e um complexo para exportação de carnes congeladas”, declarou o superintendente da Appa, Eduardo Requião.

BOX - Receita cambial já supera em 34% o mesmo período do ano passado

As exportações de soja pelo Porto de Paranaguá alcançaram crescimento de 8% no acumulado do ano até o dia 21 deste mês. Enquanto em 2007, o volume foi de 3,4 milhões de toneladas, no mesmo período de 2008, o total exportado superou as 3,7 milhões de toneladas. Faltando pouco mais de quatro meses para o fim de 2008, o Porto de Paranaguá está prestes a superar o volume da soja exportada em todo o ano passado, quando foram embarcadas 4,5 milhões de toneladas do grão.

As operações com Carga Geral estão equilibradas, com um total de 4,5 milhões de toneladas, assim como os Granéis Líquidos, com um total de 2,5 milhões toneladas no acumulado do ano. A movimentação de veículos cresceu 5% e supera as 100 mil unidades, com destaque para a importação, que aumentou 63%, em função de um câmbio estável. Já os contêineres mantêm a média de movimentação, com 311 mil unidades entre janeiro a 21 de agosto.

Entre janeiro e julho de 2008, a receita cambial gerada pelas exportações foi de US$ 8,6 bilhões, um aumento de 34% em comparação ao mesmo período do ano passado.
As exportações de veículos pelo Porto de Paranaguá representaram 6,7% do total da Receita Cambial gerada em julho deste ano. Neste período, os embarques de veículos representaram a geração de US$ 113,1 milhões, um aumento de 42,44% em relação a junho, quando os embarques de carros geraram US$ 84,1 milhões.

Além dos veículos, outra mercadoria que merece destaque na formação da receita cambial são os congelados. Só em julho, as exportações destas mercadorias representaram 17,9% da receita gerada no período, um crescimento de 23% em comparação ao mês anterior.

A soja e os farelos continuam sendo o carro-chefe da formação da receita, com 22% e 11% de participação no resultado de julho, respectivamente. A oleaginosa também rendeu boa participação na formação da receita, em julho. Neste período, o óleo vegetal foi o responsável pela geração de US$ 254 milhões, ou seja, 15% da receita cambial registrada no mês.

BOX 2 - Evolução da Receita Cambial
Ano         Valor (em bilhões)

2002         US$ 4.129.411
2003         US$ 6.502.932
2004         US$ 8.412.892
2005         US$ 9.158.706
2006         US$ 9.413.566
2007         US$ 11.792.530