Crise econômica derruba preço de fertilizantes em Paranaguá 22/12/2008 - 14:00

A expectativa do empresário Valmor Felipetto, da Harbor Operadora Portuária, de o Brasil encerrar o ano com um estoque de fertilizantes superior a 6 milhões de toneladas foi confirmada nessa semana pela Associação Brasileira de Agribusiness (Abag). Felipetto atribui o alto volume do estoque de passagem à crise econômica internacional, responsável pela queda das vendas de fertilizantes.

O Porto de Paranaguá é o maior importador de fertilizantes do Brasil e um dos primeiros a sentir os reflexos da retração do mercado. No ano passado foram importadas 7,3 milhões de toneladas. Entre janeiro e 15 de dezembro deste ano foram importadas 5,8 milhões de toneladas, uma queda de 23% em comparação ao mesmo período do ano passado “De uma maneira global, não houve perda de clientes ou de contratos. O que aconteceu foi uma retração de negócios. A mercadoria está à disposição, mas os clientes estão à espera de melhores preços”, declarou.

“As empresas de fertilizantes anteciparam as compras neste ano por conta de uma expectativa positiva, mas os volumes acabaram sendo elevados em relação ao que o mercado absorveu. Isso tem a ver com os preços das commodities que caíram em relação ao ano passado. Os plantadores que esperavam melhores preços acabaram reduzindo a aplicação de adubo nas suas culturas e retardando as compras”, disse Felipetto, que administra a recém-criada Harbor Operadora Portuária, empresa ligada ao grupo Fertipar. A Harbor está em atividade no Porto de Paranaguá desde julho deste ano e é especializada no desembarque de fertilizantes.

Os preços de alguns produtos praticados no comércio exterior antes da crise e os registrados agora também evidenciam o momento negativo. O cloreto de potássio, que antes era comercializado a US$ 950/tonelada, hoje é vendido a US$ 800/tonelada. A tonelada do Nitrato de Amônio passou de US$ 600 para US$ 190 e a Uréia caiu de US$ 900/tonelada para US$ 280/tonelada.

Estoque - No ano passado o setor de fertilizantes movimentou em torno de 24 milhões de toneladas. A média será mantida, conforme explicou Felipetto, porém mais de 6 milhões permanecerão estocados nos armazéns, o que corresponde a perto de 40% do consumo nacional. “Para 2009, empresas do setor adiantam que o volume deva cair 10%. O mercado é dinâmico e salvo algum movimento extraordinário, devemos registrar 22 milhões de toneladas”, declarou Felipetto.

As empresas do segmento de fertilizantes previam uma venda que não aconteceu e, por isso, a retirada dos produtos dos armazéns foi suspensa. Hoje os produtos estão acomodados em silos infláveis, embaixo de lonas e de outros mecanismos de cobertura, porque os espaços físicos para armazenagem não comportaram a acomodação deste produto em alta escala.

“Considerando que o plantio da safra de soja já terminou, deveremos ter uma retirada para a safra de milho e algodão em janeiro. O escoamento será lento porque não tem safra grande pela frente. O estoque deverá cair lentamente. Para regularizar, só a partir de abril”, confirmou Felipetto.