Marinheiros que desembarcam em Paranaguá são assistidos por entidade internacional 01/06/2009 - 16:30

Cada um dos mais de 2 mil navios que atracam todos os anos nos Portos de Paranaguá e Antonina trazem, em média, 20 tripulantes que atuam diretamente na operação das embarcações. São, na maioria, filipinos, liberianos, panamenhos, chineses e europeus que, junto com outros tripulantes de diferentes nacionalidades, chegam ao cais do porto para auxiliar no embarque ou desembarque de cargas.

Enquanto o navio permanece em atividade ou à espera para iniciar suas operações, parte dos tripulantes desembarca em busca de diferentes serviços, como acesso à internet, ligações telefônicas e compras de produtos para consumo pessoal. A dificuldade em conseguir se comunicar em idioma diferente do seu soma-se ao desconhecimento da cidade e dos seus roteiros.
Para atender a esse grupo específico, Paranaguá conta, há nove anos, com o Centro de Apoio ao Marinheiro (CAM) - resultado de uma parceria firmada entre a Convenção Batista do Espírito Santo, o Seamen´s Church Institute of New York and New Jersey e a Convenção Batista do Paraná.

“O estrangeiro quando chega não conhece a cidade, a língua local e, muitas vezes, fica à mercê de perigos e acidentes. Nossa proposta é prestar apoio espiritual, psicológico, jurídico e social aos marinheiros”, disse o diretor executivo do CAM e capelão portuário Luiz Roberto da Conceição Lucas.
Assim que uma embarcação atraca, recebe a visita de um capelão portuário, que faz o convite aos marinheiros que precisem de algum dos serviços prestados no CAM. O primeiro deles é o transporte gratuito. “Gratuitamente, levamos os marinheiros ao centro da cidade onde fica nossa sede. Ao chegar lá, eles contam com internet, cabines para chamadas telefônicas internacionais, jogos, atividades esportivas, biblioteca bilíngue, programas de TV a cabo e, quando solicitam, aconselhamento espiritual e encaminhamento jurídico. Aqui não há venda de bebidas alcoólicas e acesso a conteúdos pornográficos”, explicou o capelão. O consumo de cigarros e similares também é proibido no local, acrescentou ele.

O maquinista indiano Manish Singh, de 24 anos, é um dos que sempre utiliza os serviços prestados pelo CAM, em Paranaguá. Há apenas seis meses trabalhando em um navio que movimenta contêineres, Singh já passou por seis portos brasileiros e alguns estrangeiros localizados na Espanha, Alemanha, Bélgica e Antuérpia. Em cada porto buscou uma sede local do Centro de Apoio aos Marinheiros. “Sei que quando encontro um centro como esse, em qualquer país, poderei contar com serviços sérios. Gosto do lugar e as pessoas nos ajudam muito. Aqui posso entrar em contato com minha família e temos o transporte gratuito que é muito importante”, comentou o marinheiro que, pela terceira vez, vem ao Porto de Paranaguá. A pretensão de Singh é continuar sendo um “homem do mar” e chegar ao posto de chefe de máquinas. “Tenho muito orgulho do meu trabalho e quero me aperfeiçoar para alcançar um posto maior dentro da embarcação.”

Alternativas
O capelão portuário Luiz Roberto Lucas disse que, a partir da criação do CAM, os marinheiros passaram a ter opções para se distrair, enquanto ficam algumas horas no porto. “Antes disso, havia muita preocupação com relação a acidentes e problemas com o consumo de drogas. Hoje, temos ouvido dos próprios agentes marítimos que o número de casos envolvendo marinheiros tem caído em função da presença do CAM, que oferece serviços que atendem às necessidades dos marinheiros. Isso é um reconhecimento de que nosso trabalho tem sido eficaz”, relatou.

A preocupação em atender ao maior número de marinheiros estende-se, também, à pequena estante instalada na entrada do centro. Nela, estão dispostos livretos com trechos da bíblia, editados para marinheiros vindos de países como Rússia, Coréia, Arábia Saudita, Ilhas Maldivas, Grécia, Indonésia, Vietnã, Irã, Índia, Romênia, China, Alemanha, Estados Unidos, Espanha, França, Itália e Myanmar.
As atividade exercidas pelo CAM, em Paranaguá, contam com o apoio de toda a comunidade portuária e seguem as determinações da Organização Internacional Marítima (IMO, sigla em inglês) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no que diz respeito ao bem-estar dos trabalhadores marítimos no mar e no porto.